A região de Videira acaba de ser destaque na Revista Agropecuária editada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), que circula por todo o Estado e, que publicou uma inovação tecnológica desenvolvida por aqui. Sob coordenação do pesquisador da Epagri – o engenheiro agrônomo Remi Natalim Dambrós e com o apoio do extensionista Sandro Secco, da Epagri de Iomerê, além do agricultor Adalberto Modena e vizinhos, foi criado um Kit Semeadura de Adubos Verdes, que funciona acoplado a colhedora de milho de uma linha tracionada por trator.
Segundo Dambrós, que também é diretor de Relações Profissionais e Públicas da Associação Regional dos Engenheiros e Arquitetos de Videira (AREAVID), a problemática foi apresentada à Epagri pelos agricultores que faziam a semeadura manual lançando as sementes ao solo, encobrindo cinco fileiras de milho ainda em pé, num enorme esforço e perda de tempo. Visando modificar esta realidade os agricultores indagaram os técnicos da Epagri sobre a possibilidade do desenvolvimento de uma máquina para distribuição automatizada para lançar sementes de adubos verdes de inverno.
Com o problema pautado e a possível solução detectada, a equipe técnica idealizou o protótipo e contratou os serviços da AJM Tornos de Videira para fabricar o Kit Semeadura. O equipamento foi fixado na colhedora de milho de uma linha, rebocada pelo trator e testado exaustivamente no campo para ser aperfeiçoado. “Com o Kit em funcionamento, o objetivo foi plenamente alcançado com ganhos em tempo, humanização do trabalho, redução do custo de produção e, finalmente, conseguir a implantação das coberturas de inverno (Aveia, Nabo e Ervilhaca), sem revolvimento do solo, minimizando a erosão, melhorando as características físicas, químicas e biológicas da terra, além de facilitar o plantio direto das culturas de verão”, aponta Dambrós.
Saiba como é o equipamento
O Kit Semeadura é formado por uma caixa (reservatório) de sementes, um rotor canelado para distribuição das sementes (rotor para trigo), de uso comum nas semeadoras de plantio direto, fixado na base da caixa de sementes e um tubo conectado à saída da palha de milho da colhedora. O distribuidor é montado sobre o chassi da colhedora de milho e acionado por um pequeno motor (motor de pára-brisa), que é alimentado pela bateria do próprio trator. Durante a operação de colheita do milho o rotor é acionado, fazendo com que as sementes sejam liberadas (lançadas) na calha de saída de palha da colhedora, misturando-se com esta até cair sobre a superfície do solo.
De acordo com o engenheiro é possível ligar e desligar o funcionamento do sistema para permitir manobras e paradas sem queda de sementes. O sistema pode ser utilizado para apenas uma espécie de semente ou com várias espécies de adubos verdes ao mesmo tempo, para cultivo em consórcio, sem separação de sementes no depósito. O custo médio para a aquisição das peças e montagem do Kit Semeadura de Adubos Verdes para ser acoplado na colhedora de milho é de cerca de R$ 1 mil. “Segundo avaliações já realizadas, em campo, nas fases iniciais as plantas dos adubos verdes concentram-se linearmente no solo; mas, com o passar do tempo, cobrem completamente a superfície. Enfim, estamos felizes com o resultado que tem beneficiado o produtor e permitido que o solo e o ambiente sejam protegidos”, diz.
Invenção já tem gerado bons resultados
Entre as principais vantagens do Kit Semeadura desenvolvido em Videira estão: menor esforço físico no lançamento das sementes, redução de custos hora/máquina e homem/dia de trabalho, menor mobilização e com isso menos erosão do solo, menor compactação do solo por não usar grade e tráfego do trator, além da praticidade na hora de fazer adubação verde.
O agricultor Osmair Francescato e a esposa dele- Rosangela, moradores da linha Cambuim em Videira, estão utilizando o Kit Semeadura, pela primeira vez, em uma lavoura de 22 hectares, onde cultivam milho. Segundo eles, antes de iniciarem o uso do novo equipamento demoravam uma média de duas horas por hectare, para fazer a semeadura da adubação verde. Tempo que foi extinto, já que não precisa fazer esse serviço separadamente da colheita. “Estamos impressionados com a eficiência do equipamento. Antes tínhamos que parar a colheita do milho para fazer a semeadura de forma manual e posteriormente o trator mexer o solo. Agora, ao mesmo tempo em que colhemos, já semeamos, poupando tempo, mão de obra e dinheiro, já que não precisamos investir em mais óleo para o trator e na contratação de mais pessoas”, diz.
A expectativa do agricultor é ver a ideia do Kit Semeadura difundida para que o sistema seja adotado por outros produtores, que assim como ele, também poderão aproveitar os benefícios que o equipamento oferece. Para isso, e como forma de compartilhar a experiência, Francescato já aproveitou momentos de encontros técnicos na propriedade dele, para mostrar para agricultores da região, o equipamento e o resultado da excelente cobertura do solo.
Para difundir a proposta do Kit Semeadura, a Epagri também imprimiu mil folhetos técnicos/ didáticos, com figuras ilustrativas e com as características construtivas e de funcionamento. Com isso, vários produtores já fabricaram seus próprios kits, melhorando alguns aspectos para otimizar a eficiência no campo. Interessados em mais informações sobre o Kit Semeadura podem entrar em contato com o pesquisador da Epagri – engenheiro agrônomo Remi Natalim Dambrós pelo telefone (49) 3533-5612, pelo e-mail remi@epagri.sc.gov.br.
Silvia Palma
Assessoria de Imprensa